Descubra como resolver (ou evitar) problemas de infiltração em laje de uma vez por todas! Conheça os principais métodos de impermeabilização existentes e entenda qual o melhor para cada caso.
O fantasma da infiltração na laje tira o sono de muita gente. Se só de ouvir o cliente dizer que quer “aproveitar o terraço para fazer uma área gourmet” ou que ele “ama aquele tipo de casa mais moderna, que não tem telhado”, já te dá calafrios, este artigo é para você!
Provavelmente você já ouviu um muita gente dizendo que laje exposta dá infiltração, que não adianta, que é muita dor de cabeça, que vai dar problema… E o pior é que talvez você também já tenha tido muito problema com infiltração em laje. E aí, o que fazer?
Neste artigo, você vai entender todos os cuidados que você precisa ter para fazer uma impermeabilização de laje que funcione e vai descobrir como resolver uma infiltração que já exista. Saiba tudo sobre manta asfáltica, silicone, poliéster flexível, emulsão acrílica e muito mais!
A infiltração realmente tira o sono de muitos arquitetos, engenheiros e construtores. O fato é que a água é responsável por 80% dos problemas que acontecem nas construções depois de prontas.
E é verdade que boa parte desses problemas é causada por impermeabilizações mal feitas nas lajes. Por outro lado, dizer que laje sem telhado sempre sofrerá com infiltração é uma grande mentira. Laje exposta pode ser uma opção interessante para baratear a obra ou mesmo para atender o desejo do seu cliente de ter uma área no terraço. Mas é preciso fazer direito!
Erros na impermeabilização podem causar problemas como manchas, mofo, estragar o forro, estragar móveis e até mesmo danificar a estrutura da construção. Vamos combinar que ninguém quer o cliente ligando, um ano depois da obra entregue, reclamando de infiltração e dizendo que o forro de gesso está despencando, certo? Então, BORA entender o que precisa ser feito.
Um conceito básico que você precisa entender logo de início é que o material utilizado na impermeabilização da laje precisa ser flexível, ou seja, ele precisa suportar as expansões e contrações da laje. Por isso, o material utilizado para impermeabilizar a laje é diferente daquele utilizado na impermeabilização das fundações ou áreas molhadas, por exemplo, pois este trata-se de um material rígido que não serve para lajes.
Além disso, é necessário garantir que a mão de obra seja realmente qualificada para realizar esse serviço. Portanto, ou você terceiriza a impermeabilização contratando uma empresa especializada, precisará ter na sua equipe alguém capacitado, ou estar 100% envolvido na execução da impermeabilização orientando as equipe de campo.
Muito importante! Antes de colocar qualquer material para fazer a impermeabilização, a superfície da laje precisa estar lisa, sem imperfeições, com o caimento muito bem feito para os ralos e sem nenhuma mancha de óleo. Também é necessário arredondar as arestas para não ter nenhum acúmulo de água. E, no caso de uma reforma, verifique se há alguma trinca porque, se houver, é preciso resolver a trinca primeiro.
Com isso em mente, sempre que você precisar realizar uma impermeabilização em laje, comece respondendo estas duas perguntas:
- Qual será o uso daquela laje? Será um local que ninguém vai usar, que servirá apenas para instalação de alguns equipamentos e só terá alguém lá de vez em quando para realizar alguma manutenção; ou a área será utilizada como um espaço gourmet, como uma sacada, um teto verde, coisas assim?
- A segunda pergunta é: haverá algum tipo de cobertura como um telhado embutido ou será uma laje exposta?
De posse destas respostas, você poderá escolher o material adequado para usar na sua obra com base no que explicaremos a seguir a respeito dos principais tipos de materiais utilizados para impermeabilização de lajes. (Atenção, aqui colocaremos os nomes dos materiais, não das marcas, ok? Você poderá encontrar várias opções de marcas para cada material).
E já vamos começar com o material mais utilizado para impermeabilizar lajes no Brasil: a manta asfáltica.
Manta asfáltica
A manta asfáltica é um material flexível, portanto atende àquele primeiro requisito de suportar as expansões e contrações da laje. Porém, para que ela seja adequada a espaços onde haverá tráfego de pessoas, como terraços, é necessário colocar alguma estrutura a mais por cima dela, para que ela ganhe resistência mecânica suficiente.
Existem 3 características a se observar na hora de escolher a manta que dirão se ela possui mais ou menos qualidade (e, claro, o preço também varia conforme uma qualidade maior ou menor).
A primeira característica a se observar é a espessura que pode variar entre 3mm e 5mm, por norma. A segunda característica é a resistência à tração. Nesse caso, teremos os tipos 1, 2, 3… Quanto maior o número, maior a resistência da manta à tração. Por fim, a terceira característica é em relação à qualidade da massa asfáltica em si. Ela pode ser dos tipos A, B ou C, sendo que a manta do tipo A é a de maior qualidade e a do tipo C a tem qualidade inferior.
Isso não quer dizer que você deverá sempre usar a melhor manta disponível no mercado. Não é bem assim! Lembre-se de que você tem que respeitar o orçamento da obra, nada de ficar fazendo aditivo e encarecendo a obra, ok?! Veja qual a necessidade específica daquele cliente e qual o melhor custo benefício em cada caso.
A manta geralmente é vendida por rolo, na medida de 1m x 10m. E existem alguns tipos diferentes de mantas. As duas mais comuns são a aderida e a aluminizada (que é aquela que tem um dos lados revestido de alumínio). Essa manta aluminizada ajuda no isolamento térmico porque reflete boa parte da luz do sol. Porém, aqui no BORA preferimos não utilizar esse tipo porque ela fica exposta. Além disso, essa manta não possui resistência mecânica, então não pode ser utilizada em locais onde haverá tráfego de pessoas.
O segundo tipo mais utilizado – e que nós particularmente preferimos – é a manta aderida, que é aquela que é preta dos dois lados e é aplicada com maçarico ou com asfalto derretido. Algo muito importante na hora da aplicação é que as tiras da manta precisam ser colocadas cerca de 10cm a 20cm por cima da anterior, fazendo o transpasse, e sempre no sentido de escoamento da água para que a água não entre por baixo. Depois de colar a manta, é preciso fazer um teste de estanqueidade, que é feito colocando-se uma lâmina de água na laje, tapando os ralos, e deixando a água ali por pelo menos 72h. Este teste é fundamental para verificarmos se realmente não há nenhum vazamento. Não passe para a próxima etapa se fazê-lo.
Feito o teste e garantindo-se que está tudo certo, o próximo passo é colocar uma camada de proteção mecânica porque esse tipo de manta asfáltica não pode ficar exposta. Essa proteção pode ser uma massa magra de concreto, como um pequeno contrapiso, sempre respeitando o caimento da água, com os ralos próprios, para que a água não fique acumulada. A seguir, pode ser colocado o piso ou revestimento escolhido.
Uma vantagem da manta asfáltica é que ela é muito comum, então é relativamente fácil encontrar mão de obra qualificada. Além disso, ela não é muito cara e é bem resistente se for bem aplicada. O tempo de garantia é razoável também, costuma ficar em torno de 5 a 7 anos, mas ela pode durar muito mais sem dar nenhum problema, se for bem aplicada.
A desvantagem é que se for mal aplicada, se apresentar qualquer problema ou se já for hora de trocar mesmo, temos que retirar tudo (piso, contrapiso, manta) e fazer tudo novamente.
Atenção, pois aqui estamos nos referindo à manta asfáltica, não à tinta asfáltica. A tinta asfáltica é usada para impermeabilizar fundações, viga baldrame… é outra coisa. A tinta asfáltica é um tipo de impermeabilizante daqueles rígidos de que falamos antes e que não serve para lajes.
Outros tipos de impermeabilização
Agora que você já conhece o principal material usado nas impermeabilizações de lajes aqui no Brasil, queremos te contar sobre os outros tipos que existem. Eles não são tão comuns, mas também podem ser aplicados, dependendo do caso.
Uma das opções existentes é o silicone. O silicone só pode ser aplicado em lajes que NÃO terão trânsito de pessoas (a não ser no caso de alguém que vá apenas para fazer uma manutenção). Assim sendo, ele não servirá se o seu cliente quiser fazer um terraço, mas é uma boa opção se a laje ficará exposta, mas não será utilizada como área habitada.
Além disso, o silicone também é uma das opções que podemos usar para ter uma segurança a mais, quando se tem telhados embutidos. Nesses casos, ao realizar um impermeabilização com silicone, se acontecer algum vazamento no telhado, uma chuva muito forte ou se a calha entupir, por exemplo, o cliente tem tempo de acionar um profissional para resolver, sem que a infiltração aconteça e essa água vá para dentro da casa e danifique gesso, móveis, etc.
Uma das vantagens do silicone é que ele é bem mais barato que a manta asfáltica e muito mais simples de aplicar. Ele também é muito leve e não sobrecarrega a laje. É uma boa opção também para aplicar por cima de outro tipo de impermeabilização que já esteja falhando. Você também pode escolher uma cor mais clara e que reflita mais a luz do sol para ajudar na diminuição do calor, caso seja uma laje exposta.
Outra opção que vai na mesma linha do silicone é a emulsão acrílica. Esse material também não suporta trânsito de pessoas e são necessárias várias camadas até chegar numa espessura que realmente irá proteger a laje. Ou seja, ela é mais limitada.
Você também pode impermeabilizar a laje usando a poliureia. Esse material suporta o tráfego de pessoas e veículos e é mais indicado para lugares onde pode haver contato com produtos químicos, já que esse material é muito resistente a abrasão e a reações com produtos químicos. A aplicação da poliureia não é simples, por isso precisa de uma mão de obra muito qualificada. Ela é vendida em forma de manta líquida.
Temos também a opção de impermeabilização por injeção química. Mas esta é indicada apenas para pequenos reparos. É uma opção para locais que já apresentam algum tipo de infiltração, mas onde o cliente não pode fazer a reforma completa no momento. No entanto, ela não serve para qualquer tipo de laje, por isso procure orientação com um profissional especializado para ver se é possível aplicar no seu caso.
O poliéster flexível é, possivelmente, o material para impermeabilização de lajes mais eficiente de todos. Ele tem alta resistência mecânica, então suporta trânsito de pessoas e veículos, mas sem precisar de contrapiso como no caso da manta asfáltica. Ele é tão resistente quanto uma pedra ou um porcelanato e pode se deformar cerca de 37% antes de quebrar (isso é coisa para caramba!).
Ele não possui junta nenhuma, o que ajuda a não aparecerem trincas. Só no caso de aplicação em prédios é que será necessária uma dupla proteção em cima da junta de dilatação do prédio, mas no restante da área segue sem nenhuma outra emenda.
O poliéster é muito leve e muito resistente. Suporta variações de temperatura entre -45°C e 100°C, tem resistência a raios UV, abrasão e impacto. E ainda pode ter um acabamento numa cor única ou imitando pedra ou madeira.
Mas então por que ainda se usa tanto a manta asfáltica e não o poliéster?
Simples, porque ele é muito mais caro! O poliéster necessita de uma mão de obra extremamente especializada, difícil de encontrar e pode custar até 6x mais que a manta asfáltica. Por outro lado, a durabilidade dele é muito maior também: a garantia geralmente fica em torno de 15 anos, mas ele pode durar décadas. Mas também é um material mais novo no mercado (cerca de 30 anos) e é bem menos usado, portanto menos testado também. Sempre converse com seu cliente sobre os prós e contras dele na hora de escolher o melhor material em cada caso.
Por último, mas não menos importante, precisamos falar daqueles outros tipos de materiais impermeabilizantes que são vendidos em baldes e aplicados com trincha ou brocha. Mas aqui, nosso aviso é bem simples e direto: não use esse tipo de material na laje!!!
Esses materiais são para impermeabilização de áreas molhadas: banheiro, cozinha, área de serviço. Esse é o tipo de material que provavelmente o Zé Faísca vai te sugerir e dizer que “é muito bom, dá problema não!”. Não caia nessa! Escolha o material e a mão de obra adequados para que o seu cliente não venha reclamar com você que está tendo infiltração na casa dele depois, combinado?
E, claro, tem sempre a opção de você projetar e construir um telhado. Tem clientes que não abrem mão de ter telhado aparente em casa. Mas você sabia que essa é uma das maiores deficiências do nosso mercado? Muitos arquitetos, engenheiros e construtores hoje em dia fazem casas de platibanda, sem telhado, não porque o cliente quer ou porque são modernas, mas porque eles não sabem dimensionar o telhado corretamente.
Inclusive, é por isso que na nossa Certificação Método Bora, temos aulas com um especialista em telhados para você nunca mais ter dúvidas. Se quiser saber mais sobre a certificação, acesse:
O custo da impermeabilização, geralmente, fica em torno de 1% a 3% do custo total da obra. Em contrapartida, não fazer ou fazer mal feito, e depois ter que refazer, pode custar entre 5 a 10% do preço total da obra. Isso sem falar na dor de cabeça, e que aquele cliente nunca vai te indicar para ninguém. Por isso, não vacile e escolha a impermeabilização correta para usar na sua obra, pois agora você já conhece os principais métodos de impermeabilização e suas aplicações e cuidados.
Boas obras!
Oi,
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