Se você está cansado de entregar um projeto MARAVILHOSO para o seu cliente e vê-lo ser totalmente desrespeitado durante a obra, saiba como evitar essas situações. Hoje você vai descobrir 5 detalhes que não podem faltar no projeto para que ele seja executado na obra!
Muitos arquitetos dizem que a culpa é de quem executou, seja pela falta de interesse da equipe executora em tirar dúvidas. Seja pela simples falta de respeito e atenção com o projeto de arquitetura. Sem se falar na velha tendência dos executores de sempre quererem resolver os problemas da maneira mais fácil, rápida e econômica.
Pior ainda quando começa aquele empurra-empurra entre os fornecedores, equipe e arquiteto, um passando a “culpa” para o outro, quando há um erro de execução. De quem é o prejuízo?
Para evitar essas dores de cabeça, seguem algumas dicas de detalhamentos que não podem faltar em seu projeto e que minimizam drasticamente as modificações (ou soluções extremamente inovadoras, só que não!) que resolvem dar no seu projeto durante a obra.
Lembrem-se sempre, que o projeto, é seu maior DOCUMENTO e é nele que está a sua responsabilidade, quanto autor do mesmo, e garantia de defesa se algo for executado de forma equivocada.
Seguindo essas dicas, você será capaz de cercar muitos dos problemas que mais vemos em obras, isso é claro, se o seu projeto for ao menos consultado na hora da execução (mas falaremos sobre isso em outro momento!).
São 5 itens que identifiquei como os mais simples de serem RESOLVIDOS, porém muitos projetos de arquitetura acabam não apresentando as soluções, deixando a cargo de quem fará a obra resolver da forma como quiser.
Por isso, resolvi mostrar, também, algumas possíveis soluções (que FUNCIONAM!) e que você pode usar como exemplo para seus próprios projetos.
- Não se esqueça de pensar em como suas bancadas serão instaladas
Não são raros os projetos de bancadas em que se utilizem grandes vãos e imponentes balanços como fortes apelos estéticos.
Mas há de se atentar quanto ao detalhamento executivo destes elementos, afinal você não vai querer que o “Tião” ou o “Zé” garantam sua bancada em balanço (da cozinha gourmet) com uma “bela” mão-francesa de 90° visível a 1km de distância, vai?
Aliás, ela é excelente para dar boas joelhadas ao sentar! Melhor evitar, não é mesmo?
Para isso, existem várias opções de suporte. O primeiro deles, e o mais usado em bancadas simples, de banheiro ou cozinhas, é o engastamento (ou chumbamento) na alvenaria. Para isso, sua bancada deve estar encostada em alguma parede e o conjunto deverá ter uma “sobra” de 2,5 a 5 cm nas laterais em que se pretende engastá-la. Essa sobra, deverá ser encaixada em um rasgo, previamente feito nessa parede, e o preenchimento dos vazios deve ser feito com material altamente colante, que garantirá a fixação e sustentação da sua bancada.
A mão-francesa, aquela feiosa mesmo, também é uma solução usual, geralmente quando se tem armários nas partes inferiores das bancadas. Elas são recomendadas por garantirem boa estabilidade e distribuição de cargas homogêneas. Mas cuidado com a compatibilização com os outros itens como: marcenaria, equipamentos, pontos de instalações elétricas, etc.
Mas atente-se, é VOCÊ quem define isso, e não qualquer um que esteja na sua obra, pois a visão global do arquiteto deve permitir antever as melhores possibilidades do ponto de vista da execução, técnicas, estéticas e econômicas.
Não podemos esquecer das mãos-francesas mais bonitas, em ferro fundido, por exemplo, que as vezes são intencionais e fazem parte do conceito do seu projeto! Lembre-se de especificá-las também, isso faz toda a diferença
Imagens retiradas da internet como exemplo de uso de mãos-francesas.
Fonte: http://depositosantamariah.blogspot.com.br/2013/02/mao-francesa-uma-bela-invencao.html e http://flexinredning.blogspot.com.br/2009/11/inspiration-norrgavel.html
Agora, se você quer um balanço para sua bancada, lembre-se que a pedra, quando chumbada em alvenaria, não deve resistir muito mais do que 60 cm. Pois imagine então, somente apoiada em uma alvenaria (geralmente aquelas muretas que prevemos em nossos projetos).
Para garantir a estética, e se não tem área de apoio suficiente para ter estabilidade da bancada, pense em suportes metálicos que possam cumprir o papel de distribuir o enorme peso próprio das pedras e ainda garantir que os esforços externos, como objetos a serem apoiados futuramente, não coloquem em risco a segurança do seu projeto.
Foto de bancada com balanço de 70 cm estruturada em perfil metálico embutido na alvenaria | Carpaneda & Nasr Arquitetos Associados | fotografia acervo pessoal
Algumas vezes, é necessária a união de dois ou mais métodos de sustentação. Lembre-se que estamos tratando de um material muito pesado, que em média, e dependendo da densidade de cada pedra, tem de 50 a 80 kg/m².
Outra dica é em relação a escala desses desenhos. Como estamos falando de objetos menores, a escala do detalhe deve ser no mínimo 1:25 para que as peças, espessuras e as medidas fiquem claras quando impressas. Escalas menores como 1:10, 1:5 e 1:2 são ainda mais adequadas para evitar dúvidas e tornar seu desenho mais legível para a obra.
Gerar um mapa de corte das bancadas é também uma boa ideia, deixar isso nas mãos das marmorarias, pode não ser a melhor opção e resulta em alguns erros de fabricação de peças e/ou tipos de acabamentos.
- A falta de atenção com pontos de instalações pode prejudicar (e muito) a estética e a funcionalidade do seu projeto
Em caso de reforma ou construção nova é sempre louvável a atenção com os detalhes de pontos de alimentação – tomadas, interruptores, antenas, telefones, redes, água, ar condicionado, e outros – ainda mais quando estes são parte do acabamento final e ficam totalmente visíveis aos olhos atentos e críticos de algumas visitas, e principalmente aos seus olhos!
Quem nunca viu aquele interruptor que precisou ter sua tampa de acabamento cortada? Ou tomadas de uso contínuo mal locadas deixando a fiação mais exposta que o necessário?
Não, fios não são bonitos de serem vistos! A não ser que seja algo muito, mas MUITO conceito, e realmente seja essa sua intenção.
Instalações e fiação aparentes fazem parte do conceito desse projeto.
Foto retirada da internet | Autor desconhecido
Use este raciocínio também para locar a tomada do fogão, lavadora de louças (lembre-se que para essa precisa de ponto de água, energia e esgoto), coifas, ponto de água daquele filtro suspenso acima da bancada, afinal você não vai querer uma mangueira dura e desforme passeando na frente do revestimento que escolheu com tanto carinho para aquela cozinha, vai?
Não deixe de entregar, portanto, uma planta contendo os pontos de instalações que contemple as alturas específicas de cada um.
Lembre-se de compatibilizar esses pontos com as vistas e detalhamentos de marcenarias, para evitar que uma tomada fique atrás de algum armário ou estante que inutilize sua função.
Se você geralmente não faz esse tipo de desenho, ou não foi contratado para fazer a compatibilização dos projetos que não saíram do seu escritório (como marcenaria, por exemplo), alerte seu cliente que a probabilidade de ter situações parecidas com a da foto abaixo é grande. Você tem duas possibilidades: acrescente isso no seu pacote de serviços ou não se estresse quando for tirar foto para aquela publicação que tanto quis e se deparar com erros dessa natureza.
Um mau exemplo da função de um painel para televisão. Fiação completamente aparente | Foto retirada da internet | Autor desconhecido
Foto TV suspensa sobre parede com pontos de instalação na altura correta.
Detalhe de Painel para TV com pontos de instalação | Projeto LP | BEP arquitetos | fotografia Haruo Mikami
- Paginação de Pisos e Revestimentos
Parece um assunto batido, mas não é!
Se não houver um desenho específico e de fácil entendimento na obra – eu disse FÁCIL, extremamente fácil (sejam objetivos nos desenhos! Informações? Somente as necessárias, pois elas já são muitas) – fatalmente você terá paginações e recortes de pisos e revestimentos nos lugares mais indesejáveis.
Fora que a ausência de desenhos de paginação, aumentam o risco de substituição do formato de piso ou revestimento especificado, pois o desenho facilita o entendimento do porquê da escolha feita.
Com este esforço, talvez, tenhamos a chance de o cliente resistir à tentação de comprar aquele piso de ponta de estoque da promoção, que desconfigura bastante o seu projeto! Não que ele não deva buscar soluções econômicas, pelo contrário!
Mas cuidado ao deixar “livre demais” a escolha dos materiais para seu cliente, ele pode acabar adquirindo algo que foge completamente do conceito que você havia idealizado para o seu projeto!
Promoções de pisos e revestimentos são uma tentação para nossos clientes. | Foto retirada da internet
Um outro ponto importante a salientar e se precaver, ainda no âmbito dos pisos e revestimentos, principalmente em reformas, é que havendo a necessidade de se fazer algum recorte (principalmente se o material for de cores mais sólidas como porcelanatos, alguns mármores, granitos e etc.) – seja para a passagem de alguma nova instalação ou construção de algum elemento construtivo novo por exemplo –, possivelmente haverá variação de tonalidades entre as peças novas de reposição e as peças existentes.
No caso de obras novas é sempre bom recomendar que o seu cliente guarde um pouco a mais de lotes de pisos e revestimentos utilizados na construção original para eventuais manutenções.
- Detalhes de desníveis entre pisos em áreas molhadas
Esse item é simples de ser solucionado, porém é comum ver em obras desníveis mal-acabados e as vezes até “perigosos” (cortantes) para quem for usar o espaço. Existem duas possíveis soluções que podem ser utilizadas, a primeira delas e mais largamente empregada é a soleira em mármore ou granito; e a segunda, de uso menos comum, mas também eficaz, é a instalação de um perfil metálico para acabamento.
Figura 1 Exemplos de soleiras em pedra | Foto retirada da internet
Caso o piso especificado seja de algum tipo cerâmico (inclui-se aí o porcelanato), e o mesmo não tenha a paginação iniciada nas linhas de desnível, é bem possível que com um corte de serra de disco o acabamento lateral da peça mais alta fique horrível, além de perigoso. Logo, será necessário algum material que “cubra” essa face exposta.
Tanto a soleira (lembre-se de especificar que ela deverá vir acabada na face lateral) quanto o perfil metálico, são de simples execução e bastante eficientes.
O importante aqui, é lembrar de especificar e detalhar isso em projeto! Pode ser um detalhe padrão, desde que fique claro ao executor, que essa solução deverá ser adota em todos os pontos que houverem transição de nível entre os pisos.
- Detalhe de nicho para banheiros (pode ser em cozinhas e aonde mais quiser também, depende do seu projeto e uso)
Os charmosos e bastante funcionais nichos, mais usados em banheiros, são uma constante nas reformas de interiores atualmente. Quase todo cliente sonha em dispensar suas saboneteiras e prateleiras antigas, metálicas ou em vidro, e substituí-las por aqueles elementos embutidos em granito ou mármore, nos seus banheiros.
Foto de exemplo de acabamento em nicho de borda dobrada | Fonte: http://www.luniarquitetura.com.br/banheiro-suite-master-casal/
Alguns aspectos são importantes de serem lembrados na hora de projetar seu nicho. O primeiro deles é: qual a espessura da parede na qual ele será instalado? Essa parede precisa ter uma espessura mínima que garanta que o nicho seja embutido – sem atravessar para o outro cômodo – e suficiente para permitir uma profundidade razoável para apoio dos objetos e produtos que geralmente colocamos neles. Essa profundidade, deve ser definida com uma certa cautela.
Sugerimos que tenha no mínimo 8 cm de espaço livre interno (lembre-se de considerar a espessura da peça do fundo, seja ela de qual natureza for) para que seja funcional. Menos que isso somente em casos específicos que sejam identificados por você ou requisitados por seu cliente.
O segundo aspecto é: que tipo de revestimento terá essa parede? Na maioria dos casos, em se tratando de nichos dentro de boxes dos banheiros, essas paredes recebem algum revestimento cerâmico ou em pedra natural, sejam eles pastilhas, porcelanatos, azulejos, granitos ou mármores das mais diversas tipologias e formatos.
Antever os cortes que a posição do nicho irá causar no material da parede, minimiza grande parte dos problemas de acabamento. Se for possível, a melhor opção é coincidir o “vazio” desse nicho com a paginação dos elementos que revestem a parede.
Sempre levando em consideração a altura inicial e interna do elemento para que ele não perca sua funcionalidade.
O detalhe que mais utilizamos para garantir um bom acabamento e, de certa forma, esconder os recortes dos revestimentos circundantes, é o que chamamos de “Nicho de borda dobrada”.
Dessa forma, como no desenho abaixo, caso haja algum recorte no revestimento, o serrilhado, natural do corte manual das peças, fica por trás da borda, o que possibilita um acabamento superior e muito menos dependente da qualidade da mão de obra que teria que “artisticamente” recortar o tal revestimento.
Seguindo essas dicas, certamente você minimiza interferências externas no seu projeto e ainda garante menor chance de erros na execução da obra.
Continue nos acompanhando e terá cada vez mais informações de como evitar que sua obra seja um desastre – pela ótica de um arquiteto – e ainda, conteúdos práticos de serem aplicados para deixar seu projeto cada vez mais completo.
Somos bastante exigentes com as nossas obras e acreditamos ser possível elevar o nível da execução com medidas práticas e simples. Seja você também, afinal arquitetura tem que ser obra construída.
Deixem algum comentário ou sugestão de tema para abordarmos nas próximas postagens! Curta e compartilhe com seus amigos!
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Abraços,
Alex e Rafa
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Oi,
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Bom dia pessoal!
Gostaria de agradecer pela qualidade e utilidade das informações disponibilizadas.
E parabéns pelo trabalho!
Olá Leonardo! Muito obrigado pelo carinho e reconhecimento! Conte conosco! Forte abraço, Alex e Rafa. 😉
Gostaria de parabeniza-los pelo conteúdo e pelo blog. Sei da dedicação e do tempo envolvido para criar cada artigo e justamente por isso estou enviando para vcs um site que plagiou descaradamente o trabalho de vcs
http://www.betelarquitetura.com.br/5-pequenos-detalhes-que-nao-podem-faltar-no-seu-projeto-para-que-ele-seja-executado-sem-problemas/
um abraço
Que bom que gostou Marina!!! Obrigada pelo feedback. Você já assistiu a primeira aula da SemanaBORAnaOBRA? Aproveite que está no ar por poucos dias!!! https://boranaobra.com.br/semanabno
Obrigado pelas dicas Alex e Rafa.
Muito boas.
Gostei bastante das dicas. Obrigado!
Eu fiz arquitetura avançada
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